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Palavras como subterfúgios

Tire uma foto para a posteridade.

Posso ver nossos rostos, os sorrisos, nossas expectativas e a vivacidade da casa de nossa adolescência.

E ela se esvai pelos dedos, como areia, não importa o quão forte você a aperte ela vai escapar pelos vãos.

Andei por tantas alamedas, vi inúmeras faces; mas foram com essas que eu abri meus pontos costurados. E por inúmeras vezes me perguntei se eu deveria, mas agora não me resta duvida que o fiz certo. (ou não)

Por muito tempo questionei se eu deveria realmente escrever isto... E só me vinha a imagem de um dia muito, muito distante - mas ao contrário. Eu senti que foi duro entre as nossas (poucas) palavras intimamente trocadas, ainda que tenham significado muito nos dias que viriam depois, acreditem ou não.

Muitas vezes pensava no ato de censurar-me ao não escrever, ser negligente a ponto de cimentar por meses esse texto, tão doloroso e franco. Por vezes também me questionei se deveria contar o quanto foram significativos esses anos. Mas antes, era como fosse meu estado físico e emocional admitindo um estado de sítio: remédios pra cá, traumas pra lá, culpa extinta a partir de abstração do ato, personalidade paranóide acentuada, e etc.

Enquanto os professores abriam os livros, eu me punha a pensar na beleza das avenidas, da chuva, do pedaço de pão caído no chão e das mãos paralisadas pela tristeza.

Parece que estamos dando o primeiro passo em direção a algo totalmente novo. A marginalidade nunca nos acompanhou tanto e nunca debochou tanto de nossa lucidez. Mantemos os ternos finos e as gravatas, o sapato preto, porém já não seremos os mesmos. A mudança é brusca, mas de alguma maneira necessitamos disso para voltar com coragem para a lucidez cotidiana. Despeço-me do meio-dia, e abraço a esquizofrenia.

Eu escrevi porque queria mandar algo bom, espero que seja. Se não, perdoe-me.
POSTED BY Karina ON sábado, 11 de dezembro de 2010 @ 11:23
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