Era dia 17 de julho. Levantei pela manhã com a ressaca da vodka e da tristeza.
Vomitei no banheiro.
Olhei-me no espelho e me senti pele e osso, dias sem jantar e almoços mal comidos.
Tinha todo um dia de trabalho pela frente e meus grandes amigos iriam me dar as forças para segui-lo de cabeça erguida.
Não parecia nada diferente, talvez mais nuvens no céu e menos chuva.
Engoli o café da manhã de maneira forçada para não morrer de inanição. Mas não faria diferença entre morrer e calar.
Logo fui destinada à alcova e apenas portava uma folha de papel e um cigarro. Ao menos se eu pudesse dizer um olá, um tímido olá que não resolveria as questões do dia-a-dia.
E foi como um tiro no peito
Ele travou uma luta política comigo, que de política só tinha o nome. Eu revidei para exorcizar os demônios, entende?
E me senti bem, almocei bem naquele dia. Não consegui mentir para mim por muito tempo.
No fim ele me chamou para a conversa mais hipócrita de minha vida.
- Você está bem?
- Mas é claro que estou (menti, mas era aparente no meu peso que não estava bem)
foi ali a minha decisão. eu não poderei postergar um sofrimento, um solfejo de carne sagrada, uma luz que me salvou tantas vezes. eu deveria ir. escutei vozes, apaguei o cigarro de forma assustadora e tossi de maneira culpada. eram os sinais que não pude anotar acima, eram as decisões que só a cabeça incendiada podia elucidar.
Durante a noite bebi minhas amarguras, com dois bons amigos rodei a cidade em busca da felicidade e não a encontrei, pois ela estava com você e com ela.
Ás 4:56 da manhã entrei no elevador do hotel, me olhei no espelho e uma lágrima rolou do olho esquerdo.
Sabia que não poderíamos ser salvos. Acho que nada restou para guardar do muito ou pouco que houve entre este eu e este você.
Sou uma romântica exacerbada.
Sinceramente não sei mais o que você significa para mim.
Deitei na cama com a roupa do corpo e dormi até as 9 da manhã.
E fui embora para casa tentando virar a página que você já virou.
